O RELATO ABAIXO ME FOI ENVIADO POR EMAIL PELO MEU AMIGO ALEXANDRE ROXO, QUE ALGUNS DIAS ATRÁS CONSEGUIU COMPLETAR JUNTAMENTE COM OS AMIGOS PETER WETZLAR E RODRIGO DAMASCENO A ULTRAMARATONA BR 217. A MENSAGEM ABAIXO É UM POUCO GRANDE MAIS VALE A PENA LER...
Prezados,
Divido com vocês a minha experiência pelos caminhos da BR217, espero que gostem...
Abs,
Alexandre
Logo depois da meia de Buenos Aires parti em busca de novos desafios, um bom corredor precisa traçar objetivos adiante. Eu havia me inscrito para a Disney Marathon em janeiro, mas a alta louca do dólar inviabilizou meu projeto. Sempre antenado no mundo das Ultras, e confesso, com uma grande queda por elas depois de ler O Ultramaratonista do Dean Karnazes acompanhava os preparativos para a BR135 que acontece todo ano em janeiro. A BR135 faz parte de um circuito internancional junto com a Badwater (corrida no deserto do Vale da Morte) e a Arrowhead (corrida na neve com -30C°), todos com longas 135 milhas (217km) a serem corridos solo. Impossível para um simples mortal como eu. Passei pelo site para ver o nível dos competidores deste ano porque esta prova sempre traz grandes ultramaratonistas do mundo todo e qual não foi a minha surpresa ao ver que neste ano havia a possibilidade de se correr as 135 Milhas em equipe?!?! Era a BR217 um Ultra de revezamento que deveria ser corrida em até 48 horas por 3 corredores malucos. De cara me empolguei e parti para tentar formar uma equipe.
O TIME
Como precisava convencer mais dois parceiros/malucos, pensei logo em corredores com experiência mínima em Maratona e logo o meu parceiro de longões da Maratona do Rio, Peter Wetzlar, veio à minha cabeça. Peter estava se aventurando pelo mundo do Triatlhon mas topou de cara por também curtir Ultras. O terceiro elemento deveria ser tão experiente quanto, pensei logo na Tetê uma corredora de mão cheia, inclusive com uma Maratona de NY na bagagem, eu achava também que uma mulher daria um equilíbrio legal ao grupo. Com muitas provas em vista e já agendadas Tête achou por bem abrir mão da BR217. Convidei então o Rodrigo Damasceno que apesar dos seus 25 anos tinha duas Maratonas e outras dezenas de provas na bagagem e muita garra. Conheci Rodrigo exatamente no KM 30 da Maratona do Rio e fomos juntos por longos e dolorosos quilômetros com o nosso amigo Léo Hacidume, o Japonês Corredor! Rodrigo topou na hora e o time estava então formado.
EQUIPE FORMADA: PETER, RODRIGO E ALEXANDRE
MÁRCIO VILLAR
Eu conhecia há pouco tempo o Ultramaratonista Márcio Villar e acompanhava de perto algumas de suas aventuras pelo mundo a fora, pelo fato do Márcio morar em Jacarepaguá foi fácil nos conhecermos pessoalmente e nos tornarmos bons amigos. Comentamos com ele sobre o projeto da BR217 e de cara ele se prontificou a nos treinar e orientar já que ele tinha feito esta prova duas vezes. Márcio nos acompanhou por todo o período de preparação sempre preocupado em manter a unidade e uniformidade do grupo, fizemos longos irados juntos dos quais falo mais tarde. Em paralelo à nossa aventura Márcio viabilizou sua ida para os EUA para correr a Arrowhead, ele será a primeira pessoa a conquistar a Copa do Mundo "BAD135 World Cup".
A PREPARAÇÃO
Habitualmente corro dia sim, dia não algo entre 7 e 10k e nos fins de semana faço um longão de 20k para manter o ritmo para qualquer prova. Pessoalmente eu sou contra correr todos os dias, acho que o corpo precisa e merece descanso para recuperação, Só que neste pique eu não passaria do primeiro dia de provas, os treinos então passaram a ser diários e, às vezes, até dois treinos por dia. No fim da preparação eu já corria quase 120k por semana, durante as férias foram duas corridas de 10k por dia (140k por semana). Rodagem, rodagem, rodagem. Com o tempo o corpo acostuma e a coisa flui meio que no automático, mas cheguei muito cansado ao fim deste longo período de treinos, cansado de verdade. Prática fundamental e constante também foram as sessões de musculação. O fortalecimento muscular, mesmo que dos membros superiores, auxilia no suporte à fadiga das longas distâncias.
A PROVA - DETALHES
Com uma distância de 135 Milhas (217 Km) a serem percorridos em até 60 horas (o revezamento deverá cumprir o prazo de 48 horas) a BR 135 Ultra é considerada a prova mais difícil do Brasil. Toda realizada nas montanhas da Serra da Mantiqueira no estado de Minas Gerais, esta prova criada pelo ultramaratonista Mario Lacerda, acontece no trecho de maior dificuldade do Caminho da Fé, a BR 135 Ultra está em sua quarta edição. O Caminho da Fé é o berço dessa corrida.
A BR 135 Ultra faz parte da Copa do Mundo de Corridas de 135 Milhas -"BAD135 World Cup" - uma iniciativa da empresa americana Adventure Corps promotora da corrida Badwater 135 no Deserto do Vale da Morte na Califórnia - USA que é dirigida por Chris Kostman.
Esta Copa do Mundo de corridas em ambientes de máxima dificuldade já é considerada a série mais difícil do planeta e é formada pelas provas:
Badwater Ultramarathon - Corrida no Deserto.
Arrowhead Ultramarathon - Corrida no Gelo.
BR 135 Ultramarathon - Corrida nas Montanhas.
A BR 135 Ultra é extremamente difícil, porque é toda realizada nas montanhas da Serra da Mantiqueira, e apenas 20 dos 217 km de toda a corrida são planos. O atleta ao longo da prova "sobe e desce" um Monte Everest, com um total de mais de 10Kms de subida e aproximadamente 9 km de descida acumuladas.
A PROVA – INSCRIÇÃO
Para participar da BR não basta se inscrever, você tem que ser aceito pela organização da prova. Você deve enviar uma pré-inscrição com o currículo de todos os participantes, uma Comissão avalia o histórico de cada atleta e aprova ou não a sua ficha. Pesou, e muito, a nosso favor o fato de estarmos treinando com o Márcio que acabou sendo o nosso "padrinho". Veja o termo de aceite enviado pelo Mario Lacerda:
Turminha, Alexandre, Peter e Rodrigo....
vcs tão do jeito que a Br 135 gosta.........pronto pra aventura do começo da vida de vcs...
Agora digo, to muito orgulhoso de saber que o meu amigo Marcio Vilar é o treinador de vocês......vcs serão os melhores Ultra do Brazil...podem apostar... pode-se ver pela coragem!!!!!!!
To esperando vocês hein???
A Eliana vai entrar em contato com voces para passar os detalhes da inscrição ok?
Bons treinos e sebo nas canelas,
Sejam bem vindo a Brazil 135 Ultramarathon
Palavras do Peter: "Agora FUDEU!"
OS LONGÕES
Fazer quase duas Maratonas em dois dias exige treinamentos longos. Endurance é a palavra para quem vai subir e descer um Everest ao longo da prova. Procuramos aproveitar a topografia da Cidade Maravilhosa para simular situações que encontraríamos na Serra da Mantiqueira. Abusamos das subidas da Prainha, Grumari, Barra de Guaratiba, Grota Funda, Cristo Redentor e Sumaré. Foram 6 longões que variaram de 25k a 36k, todos com altimetria complexa. Cheguei a marcar gastos calóricos no meu Polar superiores a 4.000 calorias. Por estes longões afora fomos sempre acompanhados pelo Márcio e eventualmente por outros amigos como a Triatleta Verônica e a Claudinha da ACORUJA, duas feras. Meu maior inimigo foi o calor, vou precisar de muita água na BR...
CHECK-LIST
Vejam quanta coisa se precisa prá uma Ultra:
Segue o resumo das nossas necessidades para a BR.
PRIMEIROS SOCORROS
- Esparadrapo
- Analgésico
- Tilenol
- Flanax
- Band-aid
- Álcool Iodado
- Agulha
- Linha
- Atadura (Gase)
- Hipoglós
- Vaselina
EQUIPAMENTO
- Lanterna de Cabeça
- Pilhas reservas
- Capa de Chuva
- Colete Refletivo
- Papel Higiênico
COMIDA
- Mel
- Barra de Cereal
- Paçoca
- Batata Frita
- Banana
- Frutas em Geral
- Sopa Nestlé
- Pão
- Panetone / Chocotone
- Cantanha de Caju
- Amendoim
- Gatorade
- Coca Normal
- Água
- Torrone
OUTROS
- Máquina Fotográfica
- Cooler
A VIAGEM + PRÉ-RACE MEETING
A viagem começou no Aeroporto Santos Dumont onde pegamos o Dobló alugado para a realização do nosso projeto. Debaixo de um temporal saímos da cidade maravilhosa rumo a Resende onde o nosso "driver" Carlão assumiria o volante por quase 1.200km até domingo. Carlos, um advogado amigo do Rodrigo se tornava o quarto elemento do nosso time e seria tão fundamental quanto qualquer um dos 3 corredores. Subindo a Serra da Mantiqueira só se vê montanhas e mais montanhas já entre SP e MG, uma pequena amostra do que encontraríamos pelos caminhos da BR217. Depois de 7 intermináveis horas chegamos a Poços e fomos direto para o Pré-Race Meeting programado para as 14 horas, detalhe: sem almoço. Durante o meeting todos as nossas estratégias viraram fumaça, a programação de corridas por x horas ou x quilômetros para cada um não seria mais possível. Vários trechos estavam com trânsito impedido e o corredor teria que fazer o trabalho sozinho, sem apoio. Durante o pré-race já pude visualizar algumas feras que conhecia apenas virtualmente (Éber, Adilson Ligeirinho, Áureo, etc). Depois de quase 3 horas de reunião ainda rolou outra especialmente para os drivers com dicas de pelo menos uma dezena de desvios que deveriam ser feitos em virtude das estradas semi-destruídas do caminho da fé. Enquanto rolava esta reunião eu e Peter fomos fazer uma "boquinha" numa padaria próxima, foi quando conhecemos uma equipe do Rio, mais precisamente de Petrópolis (Pé de Vento). Era uma equipe diferente porque havia um corredor solo e dois pacers muito feras (um deles tinha sido o sexto na corrida de São Sebastião na semana anterior) senti que ali havia um time campeão. Almoçamos/jantamos às 20h e fomos atrás do Mário Lacerda para tirar as últimas dúvidas. Partimos pro quarto e decidimos alterar a ordem de saída, Peter largaria e eu ficaria com a segunda perna, o Pico do Gavião porque subidas são comigo mesmo!
A CORRIDA
Levantamos bem cedo e partimos pro café da manhã reforçado, às 7h e às 7:15h sairiam as caravanas rumo ao local da largada, às margens de uma BR, fomos na segunda leva, todos tensos e apreensivos, estávamos debutando no mundo das Ultras e a expectativa era gigante naquele momento. Às 8:26h logo depois do hino nacional finalmente todos largaram, ufa! Finalmente começou. Conseguimos encontrar Peter em um caminho intermediário onde todos ainda pesavam bem descansados com pouco mais de 10k de prova. Partimos então para Águas da Prata onde eu faria a troca com o Peter e partiria para 30k rumo ao Pico. Cinco horas depois da largada eu saía para me tornar um Ultra. Quase uma e meia eu parti rumo ao Pico do Gavião por cerca de 27k sozinho já que não havia como ter carro de apoio em virtude da má condição da estrada, alguns com carros 4x4 foram assim mesmo, mas não era o nosso caso. Comecei como sempre emocionado quando debuto nestes desafios grandes como aconteceu na maratona. Subidas, subidas e mais subidas enlameadas pela minha frente, mas como diz o Peter eu era o "especialista" em subidas. Corri com cuidado, me machucar sem apoio por perto não seria bom negócio naquele momento. Mantive um ritmo muito legal de 7min/km para quem estava subindo em estrada de chão. Passei alguns corredores e não fui ultrapassado por ninguém, sempre cumprimentando todos com entusiasmo! Muito adiante encontrei Tomiko passando mal no carro de apoio de um ultra médico que estava mais atrás. Tomiko estava com batimentos altos e muito fria tentei oferecer algo para comer mas ela recusou. Disse que nada parava no estômago. A jovem que estava no carro disse que o pai daria uma olhada nela. Parti então para a minha escalada. A menina então mais adiante passa por mim com Tomiko e para o carro perigosamente numa subida. Ela não conseguia subir uma pirambeira cheia de pedras, me ofereci para subir mas também não consegui, um motoqueiro que fazia trilha se ofereceu e subiu com o carro até um local seguro. Daí consegui recomeçar minha corrida e atacar de vez o pico, sem dó numa porrada só. E fui praticamente escalando os quase 1.700 metros de altitude. Corridas longas são momentos de reflexão, pensei em tantas pessoas, todas que gosto, sempre desejando muita coisa boa para todos. Poder atacar o pico acabou sendo um presente porque o local é simplesmente maravilhoso e possui uma vista de 360 graus. Lá em cima registrei a equipe no check point tomei água, comi um torrone, respirei fundo e desci o pico no pau ouvindo O Rappa (O Que Sobrou do Céu) no mp3. No fim da descida retomei o caminho da fé e logo encontrei a turma. Como me sentia bem passei batido para completar 30k, no caminho passei por uma linda floresta de eucaliptos não resisti e parei para fotos e filmagem, o lugar era mágico, no mp3 rolava Evanescence (My Immortal), show! Logo troquei com o Rodrigo e fomos até Andradas esperar por ele e comprar gelo, tô louco pra correr de novo... Rodrigo passou bem por Andradas, como a noite caía aproveitou para ligar sua lanterna de cabeça, colocou um agasalho e partiu para Serra dos Lima, lá ele faria a troca com o Peter. O Check de Serra dos Lima apesar de muito tosco era estrategicamente importante, lá haviam médicos, comida pronta, camas e banheiro. Foi lá que deixamos o Jaron, um americano que fazia a prova solo. Encontramos o Jaron deitado no meio da noite literalmente sem energias, em Serra dos Lima ele receberia todo o apoio para recomeçar a sua prova. Fincamos a sua estaca no chão (para que ele pudesse recomeçar sua corrida dali) e o colocamos no nosso carro, tudo acabou bem pro gringo. Peter partiu de Serra dos Lima assim que Rodrigo chegou, debaixo da chuva que seria a única por toda a corrida, por causa dela alguns carros atolaram e perdemos o caminho por conta de pista impedida. Aproveitei para dormir duas horas até encontrar Peter em Crisólia, entre 3:30 e 4 horas ele chegou depois de se perder por quase 5k. Saí rumo aos meus 30k madrugada a dentro. Muito sinistro correr no meio do escuro total (era Lua Nova), mesmo de lanterna. Por algumas vezes foquei minha lanterna para fora da estrada e só conseguia ver um par de olhos, sem saber quem era a criatura dona deles, a lanterna também não dá muita noção de profundidade fazendo-me falsear em alguns buracos, perigoso machucar. Passei por Ouro Fino, onde (chateado) não tirei foto com o Menino da Porteira (da música do Sérgio Reis!!! Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino...) e logo depois por Inconfidentes, eu nunca havia corrido 60k na minha vida e esta marca já havia passado, O dia amanheceu.
A LARGADA
ALEXANDRE E PETER DURANTE O PERCURSO VENCENDO MAIS UMA MONTANHA
PETER ESTA FOTO FICOU SHOWWW!!!
SUPERAÇÃO TOTAL!!!
Caracas que percurso é este!!!!
Apareceu um rio durante o percurso
Showww, de natureza!!!
A CORRIDA - ÚLTIMO DIA
Ainda em Inconfidentes havia um Support Point onde parei rapidamente para uma massagem e uma deliciosa COCA-COLA, nada light ou zero, mas aquela vermelhinha bem doce, gostosa. Mais alguns quilômetros corridos e o Rodrigo assumiu. Eu, Peter e Carlão fomos para Borda da Mata tomar um banho e fazer número dois também num hotel bem simples que cobrava R$ 10 de cada. Lá achei uma padaria e mandei: um pão doce, dois pães de queijo e um misto quente acompanhados por dois copos bem cheios de café... Um verdadeiro banquete! Mais tarde fomos atrás do Rodrigo que já estava sem água e exausto, Peter assumiu e seguiu para mais de 20k morro acima até a região de Tocos do Mogi (devia chamar morros do Mogi, cacete!), lá em Tocos rolou um pastel dos deuses, daqueles que levanta até defunto. Logo depois de Tocos assumi para mais 10k infernais até Estiva, encarei outro Pico do Gavião sem saber era praticamente uma subida única e vertical. Rodrigo assumiu e partiu para mais 10k passando pelo Support Point de Estiva onde fizemos massagem e tomamos sopa servida pela Mônica otero, show! Agora só faltam 42k. Coloquei na cabeça que vou rodar o equivalente a duas maratonas (84k) em menos de 36 horas! Bora! Depois de muitos tobogãs Rodrigo passou a bola pro Peter fazer a "capa do batman", uma série de morros num sobe e desce sem parar, por 12k rápidos, daí para frente seria assim 12k para cada um cada até completarmos a prova, eu rodaria mais dois e meio como pacer do Rodrigo até completar as duas maratonas desejadas. Antes de entrar na cidade de Consolação Peter me passou a bola, logo adiante passei batido por um posto de massagem, eu queria é cumprir minha tarefa o mais rápido possível, nossa equipe se encontraria no check da subida da Consolação para me sinalizar o local já que a passagem por lá é obrigatória e eliminatória. No caminho do Check torci meus dois pés, pressenti que algo não ia bem, mesmo faltando cerca de 7k para o fim dos meus serviços. Já era noite quando cheguei no check e confirmei a nossa equipe para a última etapa. Foi aí que Peter, Rodrigo e Carlão me disseram que dali por diante seria mais uma etapa sem carro até o fim da prova em Paraisópolis, faltavam ainda 22k. Nossa proposta inicial que eu trocasse com o Rodrigo mais adiante, mas isto não seria mais possível. Como diz um filósofo meu amigo: "Já que lá tá... lateja!!" resolvi fazer a subida da Consolação junto com o Rodrigo até o fim da prova onde eu completaria 92k. Decisão acertada. Comi bastante, coloquei a "santa" Camel Bag do Peter nas costas com alguns comestíveis e bebidas e parti com Rodrigo, num trotinho porque já estávamos cansados naquele momento. Encontramos um quilômetro adiante com um Ultra Britânico chamado Gary que estava acompanhado de um atleta brasileiro que era seu pacer, Gustavo. Ao passar por Gary vi que ele estava bem cansado, mais tarde ficamos sabendo que Gary havia sido internado em um hospital com desidratação grave e quase perdeu um rim, mas graças a Deus se recuperou e nesta altura do campeonato já está na Inglaterra. Eu e Rodrigão iniciamos a subida da Consolação que não acabava mais, talvez um efeito psicológico de quem está perto da chegada, eu cantava e conversava com o Rodrigo a todo momento mas Paraisópolis que é bom nada. Exaustos subimos não sei quantos morros até que enxergávamos as luzes de Paraisópolis que, mais alguns metros adiante sumiam diante dos nossos olhos como mágica, por fim nos aproximamos da cidade mas faltavam cerca de 2 ou 3k com fortes subidas e descidas, Rodrigo então começou a passar mal e quase desmaiou, provavelmente por falta de sal. Procurei deixá-lo "ligado" tentando fazer com que ele andasse a qualquer custo, ficar ali naquele breu não resolveria muita coisa. Foi então que vi dois faróis se aproximando, eram Peter e Carlão que chegavam como anjos para nos salvar. Deixei Rodrigão sob os cuidados deles e parti, de vez, prá Paraisópolis. Mas adiante as luzes da cidade não sumiam mais e finalmente coloquei os pés numa rua pavimentada e iluminada. Chorei. Desci uma ladeira de paralelepípedos e cheguei na cidade, que fazia aniversário e estava em festa. Já era uma da manhã, eu já via a cúpula da igreja matriz (elas eram pontos de orientação) e, na rua da chegada encontrei meus companheiros para cruzarmos juntos a linha depois de mais de 217k e 40 horas de pura emoção. Eu preciso de uma cama...
Bom já que vocês iniciaram a brincadeira, Correram a: BR 135 Ultramarathon - Corrida nas Montanhas.
Que agora vocês deêm continuidade na brincadeira, se preparem que vem mais chumbo grosso, Corram as:
Badwater Ultramarathon - Corrida no Deserto.
Arrowhead Ultramarathon - Corrida no Gelo.
PARABÉNS AMIGOS, VOCÊS SÃO UNS GUERREIROS VENCEDORES...MANDARAM BEM!!!
QUEM SABE ANO QUE VEM, EU EMBARCO NESSA AVENTURA COM VOCÊS...
Oi Jorge, andei sumida né? Que história fantástica né? É muito legal ver o passo a passo de toda esse desafio. Agora tô com vontade de ler ele livro de ultra maratona também. Será que um dia eu chego lá? Abraços e fica com Deus.
ResponderExcluirSuper Relato! Fiquei colado até ao fim!
ResponderExcluirJorge,
Então para o ano o nome do Blog vai mudar para "Jorge Ultra Maratonista"??? :D
Abraço
Foram uns valentes
ResponderExcluirParabéns para eles (é tudo o que tenho para dar)
Um abraço
Também já tinha recebido e lido o e-mail do Roxo sobre essa grande e belíssima aventura, e parabenizo o amigo Jorge pela iniciativa de publicá-lo no blog. Parabéns mais uma vez a esses malucos no bom sentido da palavra. Quem sabe no ano que vem eu ... dou os parabéns de novo, porque essa parada não é pra mim não, hehehehe ...
ResponderExcluirAbraços !
Fábio
http://fabionamiuti.hd1.com.br/
Fantástico o relato dos meninos.
ResponderExcluirParabéns a eles e a você Jorge por ter publicado aqui.
Abraços e ótimos kms a você.
...tuttA...
ubiratã-Pr.
www.correndocorridas.blogspot.com
Nosso amigo MARCO FARINAZO de juiz de fora foi o grande campeão da BR 135 este ano!!! á indo pro EUA disputar a BADWATER...
ResponderExcluirABRAÇO A TODOS E BONS TREINOS AÍ JORGE..