Mulheres e idosos foram tratados com
desigualdade pelo regulamento da prova mais importante do triatlo mundial.
Após ter sido desclassificada do Ironman
Florianópolis 2016 e de ver seu sonho de completar a prova destruído, Cleide
Pinheiro, empresária e triatleta amadora de Belém do Pará, busca por justiça.
Ela, juntamente com outros 16 participantes, a maioria mulheres, foi penalizada
por uma alteração no regulamento. Dentre os homens punidos irregularmente
quase todos são idosos. Exatamente os dois grupos de atletas que largaram por
último na competição no último domingo, dia 29.
"Em tempo de crise ética e moral no Brasil
não podemos nos calar diante de afrontas de qualquer natureza. Tivemos nosso
direito de condição de igualdade violado. Saímos devastados da prova e queremos
que seja feita justiça”, pontua a atleta.
Cleide foi informada da desclassificação pouco
depois das três da tarde na etapa do pedal sob a alegação de que teria passado
no ponto de corte no km 131 um minuto após o horário determinado no edital. De
acordo com este, o tempo de corte intermediário da prova seria após 8h15 do início
da primeira largada. Entretanto, o edital não levou em consideração o fato
de que, pela primeira vez na história da prova, a largada ter sido em
ondas: às 6h45 na Elite masculina, Elite feminina às 6h50 e
a Faixa Etária, por ondas, a partir das 7h05. Quando as
mulheres entraram na água às 7h30 da manhã a prova já tinha 45 minutos de
duração. “Nós, fomos prejudicadas por um edital injusto, imoral e
preconceituoso. Eles deveriam prever que nós, que largamos por último,
estaríamos em desvantagem no ponto de corte em relação aos demais
competidores", explica Cleide. No ato da inscrição, realizada em
junho do ano passado, a largada ainda era única, como sempre foi na competição.
O Ironman Florianópolis é uma das provas mais
importantes do triathlon nacional e é classificatória para o mundial de Ironman
no Havaí. Porém, a maioria dos dois mil atletas que participam da competição
vai em busca de superação pessoal e concluir o desafio de nadar 3.800 metros,
pedalar 180km e correr uma maratona (42k) dentro das 17 horas previstas."
Eu buscava o título de Ironman Finisher. Passei onze meses me preparando para
essa prova. Aprendi a nadar, pedalar em bike de velocidade. Enfrentei lesões e
um acidente no pedal. Por isso mesmo o medo de cair me deixou insegura para acelerar
debaixo de chuva e nas descidas do percurso. Optei por fazer uma prova com
menos riscos mas tinha tempo de sobra para terminá-la . É frustrante. Nada paga
as renúncias que tive que fazer e todo o tempo que investi" , lamenta
Cleide. O desabafo da triatleta feito no Facebook viralizou em poucas
horas. Ele foi publicado na página da jornalista Francy Rodrigues, que
integrava o grupo de amigos que viajou para Jurerê Internacional para
acompanhar a prova. Até agora foram mais de 80 mil visualizações e 1.200
compartilhamentos.
Injustiça dupla
O coordenador de treino Fábio Ramos chegou cerca de trinta segundos antes de Cleide no ponto de corte quando foi informado da desclassificação. Depois de nove meses de preparação e viajar do Rio Grande do Sul até Florianópolis, Fábio optou por prosseguir no circuito mesmo depois de devolver o chip “por mim, pelos meus amigos e pela minha família, já que eu havia mobilizado todos”, mas ele acabou duplamente injustiçado pela Unlimited Sports, que organizou a prova.
Ele completou o ciclismo por volta das 17h45 e teria até meia- noite e dez para completar a maratona. Entretanto, quando foi se preparar para iniciar a corrida, percebeu que a organização havia recolhido todo o material deixado para transição como tênis, géis e outros objetos. "Durante o ciclismo eles foram retirando o aparato de segurança, me ‘expulsando’ da rodovia. Eu estava inteiro e pronto para a maratona, mas eles me impediram de completar o desafio que já era apenas meu".
A maioria dos atletas desclassificados pretende processar a marca Ironman e Unlimited Sports. Pois além do regulamento ter pontos contraditórios, ele foi alterado do momento da inscrição até a realização da prova, modificando justamente o tipo de largada por faixa etária.
"Os treinos intensos não me preparam apenas para uma prova de triathlon de longa distância. Saí mais forte para enfrentar as lutas diárias. Transformei a indignação em força e vou lutar por igualdade, respeito e justiça por mim e pelos atletas que como eu tiveram o sonho roubado e pelos outros que poderão sofrer da mesma injustiça se essa imoralidade não for reparada", conclui Cleide Pinheiro.
BOX
O edital do Ironman foi modificado apenas um mês antes da prova para incluir a largada em ondas, que ficou desta forma:
6h45 - Elite masculina
6h50 - Elite feminina
Faixa Etária (atletas amadores - homens) - 7h05
Faixa Etária (atletas amadores – mulheres) – 7h30
O ponto de corte do km 131 do ciclismo determinava a desclassificação dos atletas que não passassem por ele até as 8h15 do início da primeira largada considerando apenas o horário de largada da Elite. No ato da inscrição, em junho de 2015, o edital ainda considerava a largada única.
Injustiça dupla
O coordenador de treino Fábio Ramos chegou cerca de trinta segundos antes de Cleide no ponto de corte quando foi informado da desclassificação. Depois de nove meses de preparação e viajar do Rio Grande do Sul até Florianópolis, Fábio optou por prosseguir no circuito mesmo depois de devolver o chip “por mim, pelos meus amigos e pela minha família, já que eu havia mobilizado todos”, mas ele acabou duplamente injustiçado pela Unlimited Sports, que organizou a prova.
Ele completou o ciclismo por volta das 17h45 e teria até meia- noite e dez para completar a maratona. Entretanto, quando foi se preparar para iniciar a corrida, percebeu que a organização havia recolhido todo o material deixado para transição como tênis, géis e outros objetos. "Durante o ciclismo eles foram retirando o aparato de segurança, me ‘expulsando’ da rodovia. Eu estava inteiro e pronto para a maratona, mas eles me impediram de completar o desafio que já era apenas meu".
A maioria dos atletas desclassificados pretende processar a marca Ironman e Unlimited Sports. Pois além do regulamento ter pontos contraditórios, ele foi alterado do momento da inscrição até a realização da prova, modificando justamente o tipo de largada por faixa etária.
"Os treinos intensos não me preparam apenas para uma prova de triathlon de longa distância. Saí mais forte para enfrentar as lutas diárias. Transformei a indignação em força e vou lutar por igualdade, respeito e justiça por mim e pelos atletas que como eu tiveram o sonho roubado e pelos outros que poderão sofrer da mesma injustiça se essa imoralidade não for reparada", conclui Cleide Pinheiro.
BOX
O edital do Ironman foi modificado apenas um mês antes da prova para incluir a largada em ondas, que ficou desta forma:
6h45 - Elite masculina
6h50 - Elite feminina
Faixa Etária (atletas amadores - homens) - 7h05
Faixa Etária (atletas amadores – mulheres) – 7h30
O ponto de corte do km 131 do ciclismo determinava a desclassificação dos atletas que não passassem por ele até as 8h15 do início da primeira largada considerando apenas o horário de largada da Elite. No ato da inscrição, em junho de 2015, o edital ainda considerava a largada única.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sejam bem vindo(a)s ao meu Blog de Corridas. Participe seus comentários serão muito importantes para mim e para outros participantes interessados no mesmo tema.
Todos os comentários serão bem vindos, mas, reservo-me no direito de excluir eventuais mensagens com linguagens inadequadas ou ofensivas.
PS: Caso queira entrar em contato, me mande um e-mail para jmaratona@jmaratona.com
Obrigado,
Jorge Cerqueira
Ultramaratonista